terça-feira, 25 de setembro de 2018

DONA ALICE NEVES, A MADRINHA DO ATLÉTICO



“A reunião terminou, e, a partir daquele dia, passaram a se encontrar na casa de um dos fundadores, Mário Neves, no número 317 da rua dos Guajajaras, no quarteirão entre a avenida João Pinheiro e a rua da Bahia.      

        O Galo surge como um time de bairro, de jovens da classe média do centro da cidade, em um delírio desafiador contra a realidade elitista do futebol da época. Após a saudosa reunião da quarta-feira do dia 25 de março de 1908, no coreto do parque Municipal, foi combinado pelos jovens fundadores que o ponto de encontro para as primeiras reuniões do time seriam na casa de Mário. Ele  morava em uma pensão com seus pais, que aumentavam sua renda com o aluguel de quartos e o fornecimento de refeições para estudantes que não tinham família em Belo Horizonte.



 "Foi ali que a grande Alice Neves, mãe de Mário, entrou definitivamente para a vida do Atlético. Sem ela, o sonho da rapaziada dificilmente teria ido adiante."

        Com a ajuda da madrinha e padroeira do Atlético, Dona Alice Neves, esse sonho dos garotos foi aos poucos tomando forma, com muita dedicação dela e de outras mulheres que ela havia recrutado, esse time de futebol que parecia impossível, foi aos poucos se tornando algo real. 


            " O Atlético foi o primeiro clube do Brasil e certamente do mundo a ter uma torcida organizada feminina. Quem a criou foi essa mulher fantástica, que apoiou os meninos assim que tomou conhecimento da idéia e jamais permitiu que o sonho fosse posto de lado. Alice ia de casa em casa pedindo aos pais autorização para que suas filhas - algumas delas, irmãs dos próprios fundadores - integrassem o grupo. Conseguiu reunir cinquenta moças. Alice Neves era uma torcedora e tanto! As camisas e os calções usados pelos primeiros jogadores foram confeccionados por ela. Foi, sem dúvida, o primeiro exemplo de espírito atleticano na história."
          Alice também foi a primeira conselheira do Atlético, dando vários conselhos e palpites aos garotos a respeito da organização do time. O Atlético foi um dos poucos times do mundo do futebol a depender de uma grande participação de mulheres em sua essência e a ter a primeira torcida organizada feminina do Brasil.

           Galuppo conta que o Atlético "em 1910, havia deixado o terreno acanhado da rua dos Guajajaras e se mudado para um campo de verdade. Tinha pertencido ao Sport Club Football e ficava na avenida Paraopeba. No mesmo local, mais tarde, seria erguido o prédio que abrigou a Secretaria de Saúde de Minas Gerais; depois, passou a sediar o centro de convenções Minascentro. Logo em frente, no espaço ocupado pelo Mecado Central, ficava o campo do América. Mais uma vez, os jogadores e os sócios pegaram no batente para deixar o lote em condição de receber uma partida de futebol. Um dos rapazes descobriu um velho mastro, enferrujado, nos depósitos da Central do Brasil. A diretoria pediu e conseguiu que ele fosse doado ao clube. Alguém providenciou tinta nas cores preta e branca. E o mastro ganhou vida. A partir de então, uma bandeira bordada por Alice Neves nos primeiros anos de vida do time, passou a ser hasteada em dias de jogo." A torcida feminina organizada por Alice Neves esteve presente nos primeiros anos do clube, e desde o primeiro jogo do Atlético, todas com blusas brancas e saias pretas.


"Na Belo Horizonte dos anos 1910, onde praticamente tudo estava por fazer, até que não havia sido impossível para um grupo de secundaristas determinados - com o apoio de uma benemérita do quilate de Alice Neves - montar um time de futebol. A casa de Alice, no 317 da rua dos Guajajaras, já deixara de ser o ponto de reuniões da turma. A família se mudara no início da década de 20, e a pensão que ali funcionava passou a ser administrada por uma senhora conhecida como Cota. O endereço fora um dos berços do Atlético."



Alice Neves



Referências 
  • GALUPPO, Ricardo. Raça e Amor - A Saga do Clube Atlético Mineiro Vista da Arquibancada. BDA, 2003. Coleção Camisa 13. 173 p. ISBN 8572342818

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